quinta-feira, outubro 30, 2008


Wagah

Li com agrado que as relações entre Indía e Paquistão estavam a melhorar.
Após cerca de 60 anos as primeiras trocas comerciais atravessaram a Linha de Controlo em Caxemira ao som de tambores e gritos de alegria.
Li com agrado pois essa linha divisória podia bem ser a linha de partida para uma guerra global com consequências devastadoras.
Tratam-se de dois dos países mais populosos do mundo (India - 2º e Paquistão - 6º), com grandes exércitos, com um conflito "aberto" há dezenas de anos e com tecnologia nuclear.
Pelos vistos há esperança numa solução pacífica. É sempre de acreditar na humanidade. Mais vale a desilusão que o medo.

A vila de Wagah situa-se mesmo a em cima da linha divisória.
O lado este da vila é Indiano e o oeste Paquistanês.
Todas as noites há uma cerimónia na fronteira de Wagah chamadas "desfraldar das bandeiras" que é absolutamente fantástica, protagonizada pela "Border Security Force" da India e os "Pakistan Rangers" do Paquistão.
Embora tenha uma aparência agressiva trata-se já mais de uma exibição turística.
Mas que eu gostava muito de presenciar ao vivo. Talvez um dia.
Espero mesmo que as boas relações entre estes dois grandes países se fortaleça, mas que já agora mantenham algo para que o passado não se esqueça. É pedir muito?
Para os curiosos:
Ver aqui
Ou aqui


Vem aí o Blindness.

Não sou de generalismos e geralmente não tenho o receio de ir ver o filme por calcular que vai ser pior que o livro. Mas geralmente são.
Muitas vezes os realizadores optam por seguir o livro de uma forma rígida, quase página a página e o resultado é mau. É exemplo disso o "Cronaca di una morte annunciata (1987)" do livro "Crónica de uma morte anunciada" do Gabo, que embora não sendo um dos meus livros favoritos é bem melhor que o filme. Bem, terei que confessar que há um certo receio em ir ver o "Love in the Time of Cholera (2007)". E apenas receio porque o elenco até promete e a desilusão adivinha-se. Mas não é de certeza fácil atingir as minhas expectativas a esse respeito.
Há outros filmes em que os realizadores fogem demasiado ao livro e aqui por vezes corre bem e noutras é um desastre.

E se as expectativas são altas em relação ao "Amor em tempos de cólera" que dizer em relação ao "Ensaio sobre a cegueira"...

O livro é extraordinário e foi ele que meu a conhecer Saramago.
Lembrei de o começar a ler pelas 5am de uma dessas noites de um desses anos passados e se bem que o objectivo era o 1º capítulo só consegui fechar o livro por volta do meio dia e a medo... (quem já leu percebe.. :).

É concerteza um livro díficil de transpôr para filme.
Mas se me dessem a escolher realizador e elenco para este filme dificilmente escolheria melhor. Fernando Meirelles na cadeira, e a contar-nos a estória Julianne Moore, Gael García Bernale, Alice Braga e para os fãs da arma mortífera o Danny Glover.

Eu acredito.
Agora é ver :)

quarta-feira, outubro 29, 2008


Tom Waits

Creio que gostar deste senhor faz bem ao ego.
Sentimo-nos especiais pensar que talvez... percebemos.
Partilhar aquela dor, aquela paixão, aquela raiva retratada em estórias que nada têm a ver com a minha vivência mas cuja emoção tão bem conheço.
Faz-nos sentir menos sós nos dias solitários.
Não sou apologista de grandes festas em dias de tristeza. Talvez por natureza latina faz-me melhor aproveitar a dor, que é minha, no escuro, no quarto, entre lençois e com este senhor a cantar as tristezas dele e a fazer-me companhia.
Creio que perceber este senhor faz bem ao espírito.