quarta-feira, novembro 05, 2008


E ainda bem.
Parabéns Obama.

21 meses de campanha no palco do mundo com um marketing de tal forma eficaz que nos foi dando a conhecer a fundo os candidatos e suas famílias, os vice-presidentes e suas famílias, as primárias, todos os debates, de tal forma que por esta hora ninguém no mundo estava indiferente àquelas eleições.
Todos já tinham o seu favorito e creio que saberiam fundamentar a resposta.

Se ao menos seguíssemos a política assim no nosso país ou na nossa europa.
Sabemos mais hoje sobre a família da vice-presidente derrotada nos EUA do que sobre quem nos governa na nossa cidade, país ou continente.

Um discurso brilhante e inspirador de Obama deixando água na boca para as palavras da tomada de posse.

Um McCain enorme na derrota, enorme na sua mensagem de felicitações ao vencedor dando uma lição de democracia ao mundo e até para dentro do próprio partido. O rebelde do partido republicano não realizou o sonho mas provou que era também ele um grande candidato.

terça-feira, novembro 04, 2008

Sou só eu que abomino o comentador de futebol de cabelos pretos e que usa permanente da SIC Notícias?
O nome não vai figurar no post por opção de bom gosto.

Não sou de fundamentalismos e por isso às vezes tento ver o programa sem qualquer pré-disposição ou ideia pré-concebida. É sempre insuportável. Aquele flip-flopper debitador de clichés julga-se um opinion maker. Alguém o ouve?
Lembra-me sempre um daqueles putos que apanhavam na escola primária e que eram sempre os últimos a ser escolhidos nas equipas de futebol. Agora vinga-se dos que sabiam jogar e gostavam da bola. O mundo é dos nerds.

Bem... alguém terá que o ouvir pois é dos que mais tempo de antena têm neste país. Além do programa semanal de uma hora na Sic Notícias, que têm um teaser prévio feito pelo próprio, aparece inúmeras vezes sem aviso na minha televisão, seja na SIC ou na SIC Notícias, geralmente nos escândalos de que o nosso futebol é feito (e é uma correria para fazer zap).
Porque o programa é só isso. Escândalos e tretas e Ai Ai Ais. Não há uma conversa sobre táctica ou futebol pois o homem disse não sabe. É o Cláudio Ramos do comentário futebolístico.
E a SIC até tem comentadores bons. Não falo dos 3 Marretas da Bola que para esses também é preciso muita pachorra.
Mas ele continua porque é o "polémico" e o "anti-sistema". E ao que parece o povão gosta disso.
Li num blog um apoiante que diz que ele é: "...o comentador que ousa vergastar o «sistema»".
Devem ser os mesmos que votam no Salazar para melhor português e que elegem Santanas para as Câmaras Municipais.
Começou no jornal A Bola, diz-se por cunha familiar, e saiu "considerando que se tinha fechado um ciclo (...) também crítico em relação à forma como se passou a entender o jornalismo"... Ou seja, já ninguém o devia aturar na redacção. Daí, e mantendo-se fiel à sua forma de entender o jornalismo, "rapidamente começou a escrever no ‘Correio da Manhã’, onde todas as semanas assina uma página de opinião muitas vezes polémica devido às opiniões do autor". Só a "evolução" para o Correio da Manhã diz quase tudo. Além disso ainda escreve diariamente no Record (outra dica..).
Parece um teste psicotécnico: Descubra qual está a mais: SIC Notícias, Correio da Manhã ou Record.
Ò SIC.. Por favor.

Sou por natureza contra a violência mas como em tudo há excepções.
Legítima defesa é uma delas. Um pai ou uma mãe a dar um tabefe no puto que faz birra no supermercado é outra.
Quando três indivíduos encapuçados lhe tentaram desfazer os caracóis com barrotes achei mal.
Três tipos com barrotes contra o blackilocks? Não chegava a avó de um deles com a bengala?
Vê-se mesmo que estamos em Portugal. Nós e a nossa mania de gastar recursos.
De qualquer forma sinto que não eram só eles 3 que desejam esse correctivo.
Creio que agiram em legítima defesa do país.

Quando Sá Pinto esmurrou Artur Jorge em 1997 tinha toda uma nação a empurrar-lhe o braço em direcção àquele bigode farfalhudo. O mesmo Sá Pinto que marcava sempre ao Glorioso pelo Salgueiros e ainda nos foi complicar a vida quando jogou no Recreativo de Alvalade já em fim de carreira.
Naquele dia fui fã dele e teria comprado o poster.
Associo hoje aquele murro ao vídeo publicitário do Euro2008 com a malta a empurrar o autocarro do Nani e Simão. (Ao menos foram simpáticos os publicitários. Seria mais complicado empurrar um Bruno Alves, um Hugo Almeida ou o backside do Miguel Veloso através dos Pirinéus).
Foi o murro de uma nação.

Voltando ao comentador penso que se bem que o alcatrão e penas seja uma imagem sadicamente agradável a minha solução não é claro um linchamento popular.
Não dá para o enviar para perto dos seus pares na TVI ou no 24 Horas?
Não dá para lhe tirar o pio e colocar outro no lugar dele? Assim alguém, sei lá, que tenho jogado o jogo, tenha estado num balneário e que perceba do que fala?

segunda-feira, novembro 03, 2008


Gato Fedorento

O "Zé Carlos" de ontem foi muito bom. E isso infelizmente não tem sido a regra. Pensei que na mudança para a SIC mudasse o tipo de programa mas é outra espécie de magazine. Pensava que o modelo estava gasto mas o programa de ontem desmentiu-me.
Os sketches da entrevista à Manuela Ferreira Leite, do balneário do Zbortin de Paulo Bento, do presidente de Vila Nova da Rabona (um dos meus bonecos preferidos) e até do já desgastado Duo Sócrates & Magalhães fizeram-me rir a bom rir.
A explicação mais simples: Ricardo Araújo Pereira (RAP) entrava (... vá, brilhava) em todos eles. A mais mázinha: Entrava só em todos eles.
É realmente um caso sério o RAP.
Como o Herman diz, e tenho que concordar, o RAP é o Cristiano Ronaldo do humor. E acrescento eu ao Hermano, que além disso não tem as peneiras do nosso (grande (coloquei depois este grande pois o puto merece:)) craque da bola e envolve-se em causas sociais. Dando a cara até por questões controversas, e já agora, sempre do lado que eu apoiava. Não que isso conte muito para o caso pois também gosto muito da escrita de Miguel Sousa Tavares e não concordo em muitas matérias com o que ele pensa. Mas tem o problema(o RAP, para quem já se perdeu), que eu muito agradeço. O problema de falar português. Melhor, de falar muito bem português e de fazer questão nisso. É que a linguagem do Ronaldo é planetária e o talento do RAP está confinado aqui ao nosso burgo. Quase que dava vontade de o internacionalizar. De o enviar para hollywood com uma mala de cartão. E vá... um Magalhães para falar com a família. Até porque a geração Sócrates vai ser completamente bilingue e nem notavam a mudança de sotaque.
Não quero é que ele se transforme num Herman que pensa(va)-se o tipo mais cómico do mundo mas que tinha tido o azar de nascer neste cantinho estando assim condenado. Parece a canção dos Xutos. Só não foi astronauta porque o país não deixou.

Mas os Gato não são só o Ricardo.
Gosto bastante do José Diogo Quintela (vou também adoptar o JDQ, se bem que parece nome de partido). Sinto que toda a gente conhece um JDQ. É o gajo cómico, porreiro, de piada rápida, que há em todos os grupos de amigos.
Quando vejo algum sketch mais abusado, sejam nus ou assuntos polémicos associo sempre ao JDQ. Geralmente o nu é ele...
E alguns dos polémicos são de mau gosto. E mesmo no mau gosto eu tenho uma escala.
Há aquelas piadas que nos fazem rir e não devíamos, como exemplo a do presidente de Vila Nova da Rabona sobre o Obama, pois racismo é burrice.
Há outras que nos fazem ficar envergonhados de achar graça. Um exemplo é o de Dennis Pennis que entrevistando Andrew Lloyd Webber, a quem tinham diagnosticado uma doença degenerativa disse:
Dennis: "Andrew, quick question for the BBC? Is it correct that recently, you've been writing sheets and sheets of music and then erasing them and rubbing them out?"
ALW: "No"
Dennis: "No? Oh because if you don't mind me saying I heard you were decomposing these days. Is that correct? No?"

Isto claro que não se faz. E faz-nos sentir mal sermos... maus. :)
Mas ainda há mau gosto pior. E até desliguei a televisão quando foi o vídeo (farto de escrever sketch) * Peço desculpa pela interrupção. Vou explicar. Aqui tendo feito de o erro de não querer repetir a palavra sketch e de a ter escrito novamente queria colocar uma foto do Homer com o famoso "Nope" e achei isto (Se fores menor de 18 ou tiveres o computador virado para o(a) chefe não hyperlinkes) aqui. Não.. não tenho o SafeSearch ligado :) * Voltando.
Dizia que desliguei a televisão quando vi o vídeo da execução do Sadam. Acho mesmo que há limites. Ou talvez devesse haver este. A morte de alguém não deve ser tema de humor.
A passada semana foi o vídeo da Igreja e do Magalhães a dar polémica.
Achei um mau sketch. Não vejo assim tanta maldade mas também não sou crente e não consigo ver as coisas pelos olhos de um. O Hermano também já sofreu o mesmo no passado e parece que os tempos não mudam.

O Tiago Dores é um fixe. É o que eu gosto mais de ver apresentar os Tesourinhos Deprimentos ou os Tumbas e é sempre um bom sidekick. Dá ar de ser o "melhor amigo" de alguém. Tem boa pinta o puto.

É o Miguel Góis que eu não entendo. Como pessoa deve ser impecável pois as pessoas vêem-se também pelos amigos que juntam. Mas nunca ri com nada que ele tenha feito.
Minto. Ri uma vez num vídeo dos Gato onde ele disse a uma rapariga que tentava engatar que lhe dava umas aulas de representação. Ele entra em alguns vídeos memoráveis como este mas sempre com papéis secundários.
Claro que ao nível dos Gato só posso falar do papel de actor pois não sei quem escreve o quê. Mas avaliando e comparando pelos únicos dados que tenho que são a crónica semanal que ele tem no Record e que o RAP tem n'A Bola as diferenças são abismais (Até logo pelo jornal :). E exactamente sobre o mesmo tema.
Aqui vou ter de dizer uma coisa só para aborrecer um amigo meu. (Sim, P. és tu).
É como comparar a Obra Prima do Mestre com a Prima do Mestre de Obras.
As do RAP são ao nível de se coleccionar. Do Miguel não me lembro de uma única piada.

E se acham que estou a ser mau digam-me vocês neste exercício simples:
Quantos sketches do Gato Fedorento que são para vocês memoráveis não entra o RAP?
E em quantos destes entra o Miguel Góis?

Não defendo cisões. Estão bem assim. Cada um há de ter o seu papel e dão desta forma um ar de U2 que tocam juntos desde que tinham borbulhas. Mas se fosse na indústria da música acho que substituiam o baterista e o Miguel seria o Pete Best dos Gato. Mas ainda assim gosto mais do Miguel do que muitos que para aí andam que pensam que são cómicos. Ao menos o Miguel é modesto. Já de outros falarei numa outra noite de má língua.

sábado, novembro 01, 2008

Creio que os posts sobre Games e Gaming vão ser regulares no blog e assim sendo nada melhor que começar essa aventura com dois dos primeiros jogos que me lembro de jogar.
Isto numa altura em que tudo era novidade e que a maior parte dos jogos eram criados e escritos por uma pessoa apenas em contraponto com os dias de hoje onde a indústria é tão grande que os créditos finais de um jogo rivalizam com Hollywood e cujas bandas sonoras e argumentos por vezes são bem melhores que alguns blockbusters.
Antigamente os jogos eram... vá lá.. poéticos.
Mas ressalvo que estou contente com o caminho desta indústria. Quem vive do passado é museu.
Continuo a vibrar com alguns jogos recentes e à espera de alguns que ainda hão de chegar.

Pitfall!

Lançado em 1982 para o Atari 2600 este foi o primeiro Videogame que vi e joguei.
O objectivo era o de apanhar x tesouros em y tempo através duma selva cheio de perigos. A verdade é que nada disso importava.
Saltar sobre troncos de madeira a rodar na nossa direcção, voar agarrado a uma liana sobre crocodilos, não cair nas areias movediças...
Era o admirável mundo novo.
Para um miúdo de 7 ou 8 anos era como se vestíssemos a roupa do Indiana Jones (cujo filme é de 1981) e partíssemos à descoberta de um enorme e novo quintal.
Programado por David Crane em cerca de 1000 horas após 10 minutos de concepção vendeu mais de 4 milhões de cópias.
Uma particularidade interessante do jogo é que o mapa era cíclico. Ou seja, não havia um fim. Passando o último cenário voltava-se ao início.
Isto também permitia brincar e fazer o jogo todo no sentido contrário. E logo tudo era diferente. Um exemplo eram os troncos de madeira que no sentido normal eram transpostos com um salto e às arrecuas tinha-se que fugir deles pois seguiam na nossa direcção.

River Raid

No mesmo ano saiu o River Raid (anterior por exemplo ao filme Top Gun).
Jogá-lo era bestial. Aqui percebeu-se que aqueles brinquedos novos tinham mesmo bastante potencial.
Agora era um piloto de caças contra um exército inimigo. Extremamente fluído (para a altura) era já bastante complexo a nível da IA.
O aparecimento dos inimigos, que podiam ser helicópteros, outros aviões, balóes e barcos era gerado por um algoritmo e logo não prevísivel. Ou seja, não se podiam decorar os níveis.
Terá sido o predecessor de muitos jogos e pioneiro em várias áreas inclusive em algumas menos óbvias. Foi o 1º jogo a ter restrições por causa da violência gratuita. Isto na Alemanha no ano de 1984.
Já agora, e a título de curiosidade, este jogo foi programado por uma senhora de nome Carol Shaw, que crê-se terá sido primeira programadora de jogos com o "3-D Tic-Tac-Toe" lançado em 1979.

quinta-feira, outubro 30, 2008


Wagah

Li com agrado que as relações entre Indía e Paquistão estavam a melhorar.
Após cerca de 60 anos as primeiras trocas comerciais atravessaram a Linha de Controlo em Caxemira ao som de tambores e gritos de alegria.
Li com agrado pois essa linha divisória podia bem ser a linha de partida para uma guerra global com consequências devastadoras.
Tratam-se de dois dos países mais populosos do mundo (India - 2º e Paquistão - 6º), com grandes exércitos, com um conflito "aberto" há dezenas de anos e com tecnologia nuclear.
Pelos vistos há esperança numa solução pacífica. É sempre de acreditar na humanidade. Mais vale a desilusão que o medo.

A vila de Wagah situa-se mesmo a em cima da linha divisória.
O lado este da vila é Indiano e o oeste Paquistanês.
Todas as noites há uma cerimónia na fronteira de Wagah chamadas "desfraldar das bandeiras" que é absolutamente fantástica, protagonizada pela "Border Security Force" da India e os "Pakistan Rangers" do Paquistão.
Embora tenha uma aparência agressiva trata-se já mais de uma exibição turística.
Mas que eu gostava muito de presenciar ao vivo. Talvez um dia.
Espero mesmo que as boas relações entre estes dois grandes países se fortaleça, mas que já agora mantenham algo para que o passado não se esqueça. É pedir muito?
Para os curiosos:
Ver aqui
Ou aqui


Vem aí o Blindness.

Não sou de generalismos e geralmente não tenho o receio de ir ver o filme por calcular que vai ser pior que o livro. Mas geralmente são.
Muitas vezes os realizadores optam por seguir o livro de uma forma rígida, quase página a página e o resultado é mau. É exemplo disso o "Cronaca di una morte annunciata (1987)" do livro "Crónica de uma morte anunciada" do Gabo, que embora não sendo um dos meus livros favoritos é bem melhor que o filme. Bem, terei que confessar que há um certo receio em ir ver o "Love in the Time of Cholera (2007)". E apenas receio porque o elenco até promete e a desilusão adivinha-se. Mas não é de certeza fácil atingir as minhas expectativas a esse respeito.
Há outros filmes em que os realizadores fogem demasiado ao livro e aqui por vezes corre bem e noutras é um desastre.

E se as expectativas são altas em relação ao "Amor em tempos de cólera" que dizer em relação ao "Ensaio sobre a cegueira"...

O livro é extraordinário e foi ele que meu a conhecer Saramago.
Lembrei de o começar a ler pelas 5am de uma dessas noites de um desses anos passados e se bem que o objectivo era o 1º capítulo só consegui fechar o livro por volta do meio dia e a medo... (quem já leu percebe.. :).

É concerteza um livro díficil de transpôr para filme.
Mas se me dessem a escolher realizador e elenco para este filme dificilmente escolheria melhor. Fernando Meirelles na cadeira, e a contar-nos a estória Julianne Moore, Gael García Bernale, Alice Braga e para os fãs da arma mortífera o Danny Glover.

Eu acredito.
Agora é ver :)

quarta-feira, outubro 29, 2008


Tom Waits

Creio que gostar deste senhor faz bem ao ego.
Sentimo-nos especiais pensar que talvez... percebemos.
Partilhar aquela dor, aquela paixão, aquela raiva retratada em estórias que nada têm a ver com a minha vivência mas cuja emoção tão bem conheço.
Faz-nos sentir menos sós nos dias solitários.
Não sou apologista de grandes festas em dias de tristeza. Talvez por natureza latina faz-me melhor aproveitar a dor, que é minha, no escuro, no quarto, entre lençois e com este senhor a cantar as tristezas dele e a fazer-me companhia.
Creio que perceber este senhor faz bem ao espírito.