segunda-feira, novembro 03, 2008


Gato Fedorento

O "Zé Carlos" de ontem foi muito bom. E isso infelizmente não tem sido a regra. Pensei que na mudança para a SIC mudasse o tipo de programa mas é outra espécie de magazine. Pensava que o modelo estava gasto mas o programa de ontem desmentiu-me.
Os sketches da entrevista à Manuela Ferreira Leite, do balneário do Zbortin de Paulo Bento, do presidente de Vila Nova da Rabona (um dos meus bonecos preferidos) e até do já desgastado Duo Sócrates & Magalhães fizeram-me rir a bom rir.
A explicação mais simples: Ricardo Araújo Pereira (RAP) entrava (... vá, brilhava) em todos eles. A mais mázinha: Entrava só em todos eles.
É realmente um caso sério o RAP.
Como o Herman diz, e tenho que concordar, o RAP é o Cristiano Ronaldo do humor. E acrescento eu ao Hermano, que além disso não tem as peneiras do nosso (grande (coloquei depois este grande pois o puto merece:)) craque da bola e envolve-se em causas sociais. Dando a cara até por questões controversas, e já agora, sempre do lado que eu apoiava. Não que isso conte muito para o caso pois também gosto muito da escrita de Miguel Sousa Tavares e não concordo em muitas matérias com o que ele pensa. Mas tem o problema(o RAP, para quem já se perdeu), que eu muito agradeço. O problema de falar português. Melhor, de falar muito bem português e de fazer questão nisso. É que a linguagem do Ronaldo é planetária e o talento do RAP está confinado aqui ao nosso burgo. Quase que dava vontade de o internacionalizar. De o enviar para hollywood com uma mala de cartão. E vá... um Magalhães para falar com a família. Até porque a geração Sócrates vai ser completamente bilingue e nem notavam a mudança de sotaque.
Não quero é que ele se transforme num Herman que pensa(va)-se o tipo mais cómico do mundo mas que tinha tido o azar de nascer neste cantinho estando assim condenado. Parece a canção dos Xutos. Só não foi astronauta porque o país não deixou.

Mas os Gato não são só o Ricardo.
Gosto bastante do José Diogo Quintela (vou também adoptar o JDQ, se bem que parece nome de partido). Sinto que toda a gente conhece um JDQ. É o gajo cómico, porreiro, de piada rápida, que há em todos os grupos de amigos.
Quando vejo algum sketch mais abusado, sejam nus ou assuntos polémicos associo sempre ao JDQ. Geralmente o nu é ele...
E alguns dos polémicos são de mau gosto. E mesmo no mau gosto eu tenho uma escala.
Há aquelas piadas que nos fazem rir e não devíamos, como exemplo a do presidente de Vila Nova da Rabona sobre o Obama, pois racismo é burrice.
Há outras que nos fazem ficar envergonhados de achar graça. Um exemplo é o de Dennis Pennis que entrevistando Andrew Lloyd Webber, a quem tinham diagnosticado uma doença degenerativa disse:
Dennis: "Andrew, quick question for the BBC? Is it correct that recently, you've been writing sheets and sheets of music and then erasing them and rubbing them out?"
ALW: "No"
Dennis: "No? Oh because if you don't mind me saying I heard you were decomposing these days. Is that correct? No?"

Isto claro que não se faz. E faz-nos sentir mal sermos... maus. :)
Mas ainda há mau gosto pior. E até desliguei a televisão quando foi o vídeo (farto de escrever sketch) * Peço desculpa pela interrupção. Vou explicar. Aqui tendo feito de o erro de não querer repetir a palavra sketch e de a ter escrito novamente queria colocar uma foto do Homer com o famoso "Nope" e achei isto (Se fores menor de 18 ou tiveres o computador virado para o(a) chefe não hyperlinkes) aqui. Não.. não tenho o SafeSearch ligado :) * Voltando.
Dizia que desliguei a televisão quando vi o vídeo da execução do Sadam. Acho mesmo que há limites. Ou talvez devesse haver este. A morte de alguém não deve ser tema de humor.
A passada semana foi o vídeo da Igreja e do Magalhães a dar polémica.
Achei um mau sketch. Não vejo assim tanta maldade mas também não sou crente e não consigo ver as coisas pelos olhos de um. O Hermano também já sofreu o mesmo no passado e parece que os tempos não mudam.

O Tiago Dores é um fixe. É o que eu gosto mais de ver apresentar os Tesourinhos Deprimentos ou os Tumbas e é sempre um bom sidekick. Dá ar de ser o "melhor amigo" de alguém. Tem boa pinta o puto.

É o Miguel Góis que eu não entendo. Como pessoa deve ser impecável pois as pessoas vêem-se também pelos amigos que juntam. Mas nunca ri com nada que ele tenha feito.
Minto. Ri uma vez num vídeo dos Gato onde ele disse a uma rapariga que tentava engatar que lhe dava umas aulas de representação. Ele entra em alguns vídeos memoráveis como este mas sempre com papéis secundários.
Claro que ao nível dos Gato só posso falar do papel de actor pois não sei quem escreve o quê. Mas avaliando e comparando pelos únicos dados que tenho que são a crónica semanal que ele tem no Record e que o RAP tem n'A Bola as diferenças são abismais (Até logo pelo jornal :). E exactamente sobre o mesmo tema.
Aqui vou ter de dizer uma coisa só para aborrecer um amigo meu. (Sim, P. és tu).
É como comparar a Obra Prima do Mestre com a Prima do Mestre de Obras.
As do RAP são ao nível de se coleccionar. Do Miguel não me lembro de uma única piada.

E se acham que estou a ser mau digam-me vocês neste exercício simples:
Quantos sketches do Gato Fedorento que são para vocês memoráveis não entra o RAP?
E em quantos destes entra o Miguel Góis?

Não defendo cisões. Estão bem assim. Cada um há de ter o seu papel e dão desta forma um ar de U2 que tocam juntos desde que tinham borbulhas. Mas se fosse na indústria da música acho que substituiam o baterista e o Miguel seria o Pete Best dos Gato. Mas ainda assim gosto mais do Miguel do que muitos que para aí andam que pensam que são cómicos. Ao menos o Miguel é modesto. Já de outros falarei numa outra noite de má língua.

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